Tenho tanta saudade de mim...

segunda-feira, agosto 01, 2022

quem conquisa um poema?

Declara-se posse dele
o poema
Cercam-no de paus
ripas, correntes
bancos de areia.
Ficam a espreita
deitados baixo a trincheira
Declaram guerra aos inimigos
Rotina
Estupidez
Cegueira
E fincam uma bandeira ao meio
Gritam ao universo
Que é de sua posse
O verso
Cultivam-lhe a terra
Revolvem os recessos
Rasga-lhe a pele duro ferro
puxado a cavalos
e a destino incerto
rabiscando em terrenos planos
sinuosas linhas
vincos
sem nexo
Depois
repousam lá sementes de tudo:
amor
ódio
silêncio
futuro?
E oram...
Recolhem-se em prece
Fazem danças estranhas a deuses
Ao oráculo eterno
Pedem chuvas
Rogam ao vento
E pois que enfim ele brota
selvagem
em terras insólitas
bem longe dali.

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