Tenho tanta saudade de mim...

domingo, setembro 18, 2016

Em um taxi da Av. Paulista para Guarulhos

Qual a cor da cidade
cujo ar, pesado, com seus
metais pesados, repousa à meia altura
dos olhos
embaçados?

Qual a cor da cidade
de muros pichados,
dos grafites, do lodo que escorre
de seus quadrados,
de seus prédios, arranha-céus.
Arranha os seus
a sua cor cruel
dura e caótica;
cor indiferente, indigente.
Nos pavimentos riscam os pneus,
cantam a música da cidade
que inda busca sua cor,
nesta tarde.

Que nem dia, nem noite, nem sempre.
A cidade é indo e é voltando e é girando,
gira, gira, gira...
Meu peito dispara!
Vertiginosa cidade,
diz!
Qual a  tua cor?
Teu lodo, tua lama, e este odor?
Serão tuas marginais?
Serão teus marginais?
Serão tuas imagens
a mais?

Na cidade que draga tudo
a vida teima em persistir:
uma palmeira aqui outr’ali
desvirginam o concreto,
sangram sua vagina.
A cidade não é mais menina!
É uma puta,
velha,
de batom vermelho e um cigarro
na esquina.

segunda-feira, setembro 12, 2016

Guerrilha

O poeta se atocaia na palavra
viva
grita
atira
na pupila
fina
do leitor.

O poeta é um franco-atirador!

Raios do sol

Lá vem
Atentos!
São eles, meus caros
Fixem os olhares
Não percam nada, nenhum segundo
Num átimo darão vida às sombras,
Vez à marginalidade,
Silenciarão tempestades...

Estão correndo!
E vêm de braços abertos
São generosos
Acolhem todos os povos
Beijam o oceano
Abraçam cidades, os campos...
Façam silêncio, senhores!
Shhhhh
Ouvem seu canto?

Eles vêm ligeiros
Estão de braços abertos
Explodindo numa infinidade de cores
O Big Bang!
Uma erupção de matizes
Iluminam intrépidos tudo:
ordinários e imundos,
ímpares, viventes, o limbo!

Germinam sementes
Secam cicatrizes
Eles são a alegria do mundo!

Brindem, meus amigos, bridem!
Eles fazem nascer
mais uma vez
o dia!