Tenho tanta saudade de mim...

quarta-feira, agosto 28, 2013

Lucca, menino sem juízo

Vai menino sem juízo
corre pela rua
joga bola e pião
empina pipa, cai no chão.

A vida inteira é sua,
Menino sapeca!
Não deixe cair a peteca
empine mais pipa
caia mais no chão.
Pois na vida não há mais que sirva
senão a beleza de sua rica
infância – doce sensação.

Esta vida inteira é sua,
menino sapeca.
Vida sem limite, maluca,
não foge, nem tem medo
né Lucca?

Vai menino danado
Deste titio é mais que amado
que da boca chama seu nome
ao ouvi-lo, não breca,
corre e some...

parto

Naquela vermelha vagina
entre secreções, secundinas
seus polutos odores
além de merdas e outros horrores
gemidos incautos e mais dores
cintila enfim nova retina
dá-se à luz, Deus! uma menina.

sábado, agosto 24, 2013

teu refém

Escuro
teu nome
mais que escuro
guardado comigo
em lugar quieto
morno cinza seguro.
Donde o que vem toca
o que provoca
a sede de mundo.
Escuro e profundo
mais que profundo
mais que escuro
mais que seguro,
teu nome
levo aqui
neste coração imundo.
Donde tudo me tem
E bate
E bate
Embate
que ora liberta
ora retém.
Pois é mais que escuro
O lugar sem o tu
É duro!
Confesso.
De ti, sou cativo sem resgate
sou noite sem Rua
nem Lua, meu bem.
Sou tua carne nua
macia febril crua
e teu sangue também!
Sou teu macho
teu homem
teu menino
teu refém!

domingo, agosto 18, 2013

Porteiro de bordel

Pela iscada
   desce toda madama
       vem com crasse, com fama
           do jeitim qui si diz sê.
                Mas'a muié num tem chama
                      com'essa ôta nêga na cama
                           qui mi esfrega as'aranha
                                da bocetinha bunita de morrê!
                                   
                                     Mar'na iscada são tudo igual
                                          um'as de saia e brusinha
                                               ôtas de short ô tanguinha
                                                     tudo mi assanhanu o pau.
                                                         Êta iscada sem dona!
                                                             Todas qui desce é Madonna,
                                                                   todas qui vem merece si vê!

Como o amor deve ser

Eu te quero assim
Não de outra forma
Senão assim,
             Não com outros nomes
             Máscaras
             E codinomes,
             Apenas assim.
Não com outros desejos
Outras taras
Outro sexo
Outras caras
Apenas assim.
              Não com outros pelos
              Outras vestes
              Outros devaneios
              Somente teu cheiro
              De suor e trabalho
              Exatamente assim.
Não quero sexo acrobático
Beijos de cinema
Altar, juiz, velas, dilemas
Não quero amor burocrático
               Quero puro
               Quero duro
               Quero como é
               Como se sente não ter fim
Quero teu olhar do meio da noite
Que tua distância me seja açoite
Teu abraço, a imensidão da marés...
               Eu te quero, meu amor!
               Exatamente assim
               Do jeito que tu és.

quinta-feira, agosto 15, 2013

Línguas, gozos e tu



Sou tua língua:
úmida
puta
sedenta
ferina
pornô.

Sou tua língua
Vou profundo,
testo gostos
de bocetas
e doutros orifícios
cujos nomes
sem rodeios, grito
são eles
peludos ou lisos
tímidos, vividos:
os pulsáteis cus!

Sou tua língua
Falo amor eterno
e roubo meu inferno
na boca que não é tua
a saliva do mundo
imunda
que engasga
como esperma
na garganta morna e funda
o medo de te perder.

Será poesia?



Será poesia?
Que nasce sem rima
segue outro rumo
levando em parte
o inconstante
o vazio
aqui
em mim?

Será poesia?
Aquilo que dói
que é feio
atroz?
Surge num instante
levando em parte
o inconstante
o vazio
aqui
em mim?

Será mesmo poesia?
O que não tem lógica
E grita
E corre
nem se vira,
ou se despede
Leva parte de mim
Inconstante
E permanece
Vazio
Aqui
Em mim?

Poesia ingrata!
Nasce
Explode, invade
E depois
Nada?

Se é assim,
não quero mais ser poeta!