Era uma noite para se amar. Havíamos chegado tarde aquele domingo, o trânsito estava complicado, estranhíssimo para a ocasião. No carro, mal contínhamos os impulsos, nossas mãos atrevidas invadindo as roupas, nossos olhares safados, nossas línguas molhavam os lábios e provocavam ainda mais nossos desejos. Quase subi no canteiro central da avenida depois que sua mão desceu para o meio das minhas pernas e a ponta de sua língua tocou minha orelha. Demos então uma certa trégua à nossa excitação até chegarmos em nossa casa.
No quarto, a penumbra acariciava nossos corpos já nus e a música que embalava o momento ditava o ritmo de nosso beijo, tão quente, tão ardente. Sua língua deslizava toda extensão da minha boca, percorria meu pescoço, minha nuca, e o corpo estremecia. Ficamos ali, em pé, nus, excitados por um bom tempo, provando cada pedaço de nossos corpos. Logo estávamos na cama, as mãos unidas, os corpos roçando, puro prazer. Minha boca em seus mamilos, viajando naquela geografia lisa e quente, passando por sua barriga, suas pernas e coxas, sua virilha para então morrer em seu sexo com minha língua morna, úmida e nervosa a lhe tirar os gemidos e a razão. Tão logo sinto sua boca igualmente tocar minha pele e sua língua ágil, que agora molhava também meu sexo, movia na mesma intensidade que eu provava seu sabor. Quanto tesão... nosso sexo vulgar, promíscuo, carnal... éramos nada mais que dois lascivos amantes, irracionais, sem consciência de passado, futuro ou de qualquer tempo, éramos gozo e apenas isso.
E depois de saciados, plenos, extasiados, nossos lábios mais uma vez se encontraram, agora ternos, agradecidos, nossos corpos suados se uniram num abraço, nossas pernas se entrelaçaram, éramos um, a paz nos invadiu e então adormecemos.