Hoje provei do desespero. Dizem que tem um gosto amargo e seco, discordo, ele só dói. Não tem gosto de nada até mesmo porque ele traz consigo a imensidão do nada. Um hiato de silêncio que grita (e já ouvi dizer que quando o grito supera o poder da palavra é que o homem perdeu a razão). Pois assim estou.
Não é o mesmo sentimentalismo barato, o furor frívole dos amores incertos ou , quem sabe, de todas as incertezas mundanas, não! é diferente, é mais pesado, metastático: um câncer. Como se todas as vísceras se entranhassem umas nas outras e perdessem toda a coordenação orgânica que permite o cumprimento do compasso tênue da vida.
É iminência de morte. Acho que chamam isso de saudade.