Tenho tanta saudade de mim...

domingo, fevereiro 08, 2009

vai

Para quem é livre e, simplesmente, parte...

Depois de cantar tua liberdade, estou aqui cantando tua despedida. Não por acaso demorei em me expor aqui. É que ando provando muita amargura da vida, tenho tomado o cálice do fel de meus inimigos então cansei e decidi também ficar um pouco egoísta. - Não! Uma trégua ao menos! E sumi. Mas agora que o abismo se abre, dois corpos unidos pelo tempo irremediavelmente se separam pelo espaço. E por isto, somente por isto, estou aqui novamente.

Não tento encontrar palavras certas agora porque elas não prestam e são promíscuas; falam de amores e descrevem a loucura. Elas pouco se importam com quem as usa: elas chegam, fazem a explosão bombástica e depois somem. E eu que sofro aqui, solitário, sem elas. Melhor calar. É que o que sinto não sei dizer assim fácil e mesmo se soubesse, nunca o diria, é só meu, é meu termômetro, afere a intensidade de vida que ainda resta em mim. Por isso sou silêncio.

Mas não devo e nem vou te deixar ir tão fácil assim, mesmo que já tenhas cortado os cabelos e o medo que te prendessem tenha fenecido, ouso te dizer que ainda tens nos olhos o mesmo brilho e a mesma paixão de sempre e por isso, em parte, continuas pertencendo a mim. Ainda que agora seja em definitivo (e creio nisto), que a distancia seja infinda e que demore eu sentir de novo a ternura do teu abraço e o teu amor de irmão, eu permanecerei sempre bem aqui, quieto, parado, e em mim... Talvez um dia, quando o teu desejo de morar a beira da praia, de aprender a surfar e de deitar na areia no final da tarde volte avassaladoramente à tona, eu sairei de mim e estarei em ti. Mas agora não posso. E mesmo morrendo um pouco, hoje tenho coragem de te dizer vai...