ela tricota as ruas de pedra
entrelaçando-as com perninhas ligeiras
aos fins de tarde, carrega tristeza,
uma sacola, poucas velas e um terço
passa na vizinha, leva-a consigo
testemunha deste cerzir antigo
de memórias dilaceradas de tempo
emendadas ao horror do esquecimento
lá debulha seu rosário em silêncio
como uma espiga de terra má e avarenta
poucos grãos catados, o alimento
pouca alegria de viver
um lamento
curvada sob lápide fria, ela segue
o ritual da vigília patente
todo dia esta velha se encolhe
à morte do filho, silente.