Tenho tanta saudade de mim...

segunda-feira, junho 30, 2014

Reticência

O amor cansa?
O corpo descansa?
          A alma inda alcança?
          Ainda há enfim esperança?
                                          Pensa...

sábado, junho 28, 2014

Pequeno Livro de Receitas

Do que é feito o amor?
Das inclinações e rotinas?
Desta manhã que a janela descortina?
Do fel sabor daquel’último beijo?
Do que é o amor é feito?

Será do café que exala da cozinha
Nos domingos claros do verão?
Das escovas de dente unidas
e nossas roupas entrelaçadas no chão?
Do que é feito então?

Dos meus pés com os teus em um nó?
Do frio das cinco que me abraçavas ligeiro?
Do nosso cheiro de sexo suado?
Do pavor me atingindo certeiro
E a distância rompendo sem dó?
É feito disto só?
Não creio...

quarta-feira, junho 25, 2014

Alvorecer

O que vem antes do sol?
Na penumbra do que é nem dia nem noite
Quando olho ao longe no horizonte
e me perco no que me deixou.

O que vem antes do sol?
Será que o dia hoje nasce?
E os raios minha vista embace
Pra me emprestar um brilho qualquer?

O que vem antes do sol?
Vem só labuta, trabalho?
Rotina do dia-a-dia
Ou vem nele a tona o passado?

O que vem antes do sol?
Não é vida, nem é morte
Será tristeza ou falta de sorte?
Ou mesmo a esperança de seguir?

O que vem antes do sol?
Penso, não acho resposta
Então paro, respiro (e te abraço distante),
Esperando ele alvorecer enfim.

E o que virá depois do sol?

segunda-feira, junho 23, 2014

Saudade (2)


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Saudade

Quando vem desesperada, é posse
Se sorrateira noturna, medo
Se nascer na alvorada, é fossa
Se dormir ao seu lado, aconchego
Se irar quando olho, ciúmes
E se acalmar no longe, sossego.
Agora,
Se chegar tímida e sinuosa
Meio de lado, sem jeito
Tornando-se a dona do peito
Acelerando o ritmo devagar
Pare, meu velho amigo
Abrande a voz
Abaixe o olhar
Ela existe de verdade
Não respeita gênero ou idade
Infinita, doce ou cruel,
Ela se chama saudade.

domingo, junho 22, 2014

Silêncio


Ele segue o sonho mais profundo
E levanta com os primeiros raios do sol
Sei que dele carece o mundo
E repleto na (c)alma só


Domingo

Não gosto de domingos
Domingos estão entre a festa e o trabalho
Estão entre o futuro e o passado
São dias flácidos
São tardes mornas
São noites breves
Nem começam, já terminam
Domingos são despedidas.

terça-feira, junho 10, 2014

lágrimas

Cristais fluidos que refletem cor alguma
Veio que brota de fonte improvável
Refúgio de uns em tardes cinza escuro
Extraindo as gotas homeopáticas
                                        do sofrimento.

sexta-feira, junho 06, 2014

Montevideo, adiós

Adiós Montevideo
A ti ni el tiempo se volvió
Del amor que supiera y hoy se perdió
En sueños locos que juntos
Se me lo quitó.

Adiós Montevideo
A ti vengo decir nomás:
No creo que vuelvas como pensé jamás
Porque lejos y lejos de mí ya sé que lo estás
A sus manos la mía añadir, no se podrá.

Adiós Montevideo
Es que no tengo la perfecta salud
No duermo, ni como, ni tengo actitud
De siquiera aceptar que es insoportable vivir
Seguir es imposible sin ti

Adiós Montevideo
Sus ramblas y sus tardes con puestas de sol
Solito me entierro al borde del “mar” como árbol
Y ofrezco al viento mis hojas sin color
Para que lleve el dolor que mis gajos rompió.