De quem é esta manhã
Que os tímidos raios o céu domina
Em meus sonhos inocentes fascina
E abranda galopante afã?
De quem é este beijo
Que molha meus lábios suave
Suga minha língua selvagem
Penetrando com infindo desejo?
De quem é este olhar
Que me despe num só segundo
Cujo fim é improvável, é profundo
E eleva do chão meu andar?
De quem é esta pele
O macio veludo sequer a imita
E com a minha arrepia e excita
Na ausência a distância
compele?
De quem é você, amor
Que outrora fora meu, compraz
Hoje habita outro ser fugaz
E se esconde em solitária dor?
Quem somos nós, enfim
Só resquício dum passado remoto
Ou chama ardente, iminente
terremoto
Nos sísmicos dias deste estranho
porvir?
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