Tenho tanta saudade de mim...

domingo, abril 10, 2011

amor terminal

Não chores, meu amor,
não chores mais
pela saudade triste
pelo nefasto vão
que nos separa
por mais de 1000km
que a distância insiste
desta cidade vil até o Maranhão.


Não és tu quem é doente, não
nem quem sofre de maus humores
que corroem a alma,
definham o corpo,
matam a ilusão.
Sou eu o câncer enraizado,
sou eu a peste em ressurreição
que das mortes épicas da Europa,
ao castigo diuturno do Sertão,
apunhalam minha medula,
                           infectam minha carne,
                           destroem meu pulmão.

Não chores viu, não chores não:
eu cá que sou terminal
e tu és o redentor.
Em mim habita este mal que
de minha existência é feitor:
                               das suas mãos brotam a agonia
                               dos seu olhos, meu furor
                               da sua ira, minha febre,
                               da minha doença, por ti,
                               o meu amor.

Não chores, meu bem, não mais
eu já suplico pelo ópio, pela morfina, pela paz
não sossego, nem durmo,
nem sinto pena do meu fim.
Sei que em breve minha dor,
minha dispneia, meu palor,
meus fluidos hemáticos
serão findados num exato prazo
que esta distância se extinguir.
Eis portanto a minha cura,
pois no longe sou loucura,
já que te ti sou metastático.

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