Tenho tanta saudade de mim...

domingo, junho 11, 2006

sobre o tempo e as pessoas

Não confundir a existência com o sonho. Tornar tudo relativo. Outra noite dessas, sentado num jardim, tinha a lua bem grande clara e o mar fazendo um barulho singelo, calmo; nem ao mesmo ventava. Uma pintura real. Não estava sozinho. As conversas pareciam nem fazer falta, realmente não faziam! Nossas presenças eram diminutas ante a grandeza da natureza. Engraçado como este fato da constatação de nossa pequenez só se dá quando crescemos, enxergamos nossas limitações e nossos obstáculos, que se tornam bem mais evidentes. Mesmo quando estamos rodeados de vida, de vida humana mesmo, estamos sós. Existência egoísta. A essência humana é egoísta. Mesmo aqueles que se propõem em gestos caridosos e desinteressados buscam uma espécie de indulto à salvação, mesmo que inconscientemente. Melhor mesmo era quando se tinha a fantasia e tudo se misturava à realidade dos dias. Não sei exatamente definir quando tudo isto se perde e passamos a ser maldosos e escrupulosos com nossos devaneios. Não sei quando nos tornamos tristes.

Então, zás, num segundo, vejo tudo tão imenso, excitante e aterrorizante com meus olhos de criança. As brincadeiras, as malcriações, as impetuosas atitudes impensadas de quem apenas sonha e vive ao mesmo tempo. Gozado como às vezes desvencilhamos o passado de nossos dias e esquecemos que ainda somos aquilo que éramos. Esquecemos que ainda podemos ter os dias coloridos e mágicos. Correr de braços abertos sem medo de olhares alheios, abraçar o amigo sem a maldade hipócrita de nossos dias, ter um amor inocente, amar de longe, andar de mãos dadas, tomar um sorvete na esquina e fazer dos gestos mais simples o verdadeiro sentido da vida. Fico triste ao ver pessoas mesquinhas que não conseguem ao menos rir de seus erros, de suas falhas. Não conseguem confiar inocentemente nem tampouco dar importância para quem está do lado. A verdade é que somos criados na perspectiva da solidão. Nunca fale com estranhos! E eles esquecem que as pessoas estranhas podem ser legais também. Chegamos no instante em que tudo é estranho e deixamos então de experimentar, de arriscar, de transpor e superar nossos limites. Daí então somos adultos. Adúlteros. Traímos nossos mais puros desejos, nossos sentimentos.

Bom mesmo era quando fechávamos os olhos bem apertados e fazíamos um pedido ao cair uma estrela do céu. Quase nunca se realizava, mas nunca perdíamos a esperança. Pedíamos sempre. E esta ausência do passado não se pode tornar relativa. Uns chamam de saudosismo, eu chamo de felicidade.

3 comentários:

Anônimo disse...

a felicidade para uma criança vem no sorriso, para um adulto vem na vontade de ter, simplismente ter, ter dinheiro, ter uma familia, um carro, um amor sim... o sorriso lhe faz parte, mas ja nao é mais ingenuo, basta fazer uma careta a uma criança que pronto... se mata de rir. ri sem preconceito, apenas ri, aquilo é engraçado, aquilo lhe traz felicidade e ela entao se poe a rir...
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Sávio

Anônimo disse...

A música combina muito com este momento, meu caríssimo Guará!



Quase Sem Querer - Legião

Tenho andado distraído Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso Só que agora é diferente:
Estou tăo tranquilo E tăo contente.

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu năo precisava Provar nada pra ninguém.

Me fiz em mil pedaços pra você juntar
E queria sempre achar
Explicaçăo pro que eu sentia.
Como um anjo caído
Fiz questăo de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira

Mas năo sou mais
Tăo criança a ponto de saber Tudo.

Já năo me preocupo Se eu năo sei porquê
Às vezes o que eu vejo Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe Quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.

Tăo correto e tăo bonito:
O infinito é realmente Um dos deuses mais lindos.
Sei que às vezes uso Palavras repetidas
Mas quais săo as palavras que nunca săo ditas ?

Me disseram que você estava chorando
E foi entăo que percebi
Como lhe quero tanto

Já năo me preocupo
Se eu năo sei porquê
Às vezes o que eu vejo Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe Quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você

Anônimo disse...

tenho uma poesia q foi para o anuário 2005 do curso de Publicidade UnicenP:

+++++

Era segunda-feira
E ela sorriu.
Motivo:
A brisa fresca no rosto.

Camila Yumi Maruyama

+++++

beijos,

Camila de José.