Tenho tanta saudade de mim...

segunda-feira, janeiro 23, 2006

sozinho

<><><><><> o sol invadia mal educado a vidraça de meu quarto e esquentava as colchas da cama que cobriam meu corpo ainda quieto da longa noite de sono. Acho que tenho ficado criança estes últimos tempos, afinal dormir tão cedo num final de semana seria nada mais comum às puerilidades dos idos tempos. Devagar e nobre abri as pálpebras e os ponteiros do relógio me traziam uma grande felicidade. Era sete da matina. Tinha certeza que uma hora dessas ninguém que conhecia deveria estar acordado, nem tampouco minha avó que sempre dormia um pouquinho a mais nas manhãs de domingo. Talvez esta sensação de ser só no mundo, naquele instante, trazia um sentimento superior e logo meu corpo se pôs ofendido.

<><><><> a caminhada nada freqüente em meus dias seria algo interessante naquela hora. Pus dois currulepos* nos pés, uma bermuda jeans e camiseta cinza claro como o horizonte. Mais tarde choveria. Decido então dar sentido àquela manhã e logo inventei que deveria tirar dinheiro para o almoço no caixa eletrônico que ficava perto de um posto de gasolina próximo a meu prédio. E fui. Surpreendo ao ver já duas pessoas numa pequena fila do caixa e algumas outras sentadas em bancos fixados ali perto. Frustração. Não era mais só...

<><><> inadvertidamente ouço pedaços de conversas de comadres. Uma dizia a outra que tinha um primo cuja alcunha era “Careca”. Careca era um sujeito muito responsável e havia sido assaltado. Ri comigo. Ora veja, a pobre vítima mais parecia ter nome de ladrão. Preconceito. Engraçado como detalhes nos fazem criar perspectivas sobre as pessoas sem ao menos conhecê-las. Talvez tenha julgado mais que deveria ao longo de meus trinta e cinco séculos de vida. Deveria ter olhado mais pra mim. Deveria ter sido verdadeiramente só.
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<><> *currulepo = tipo de calçado estilo sandália típico do nordeste feito de borracha de pneumáticos

Um comentário:

Anônimo disse...

quero fikar sozinha desde q seja com vc.