Tenho tanta saudade de mim...

terça-feira, dezembro 06, 2016

Sem nome

O que me impede o poema
que mo aniquila, partindo-o ao meio
é aquilo que vem sorrateiro
da esquina das páginas
à sombra da pena
na agonia duma e outra palavra:
o inexplicável desejo
(pressa de palavra mesmo)
de um nome
será proveito?
Batizar o verbo inda no ventre
sem que resplandeça a luz na sua cara
de joelho.
Os padrinhos: quem seriam?
Meus desesperos?
Seria do signo da sorte
ou seria a morte
de meus atropelos?
Há de se ter um nome afinal?
Não creio.

Deem-lhe, pois, ao menos um pronome
nem precisa aqueles de tratamento rebuscado
os de casos retos
ou tortos
servem
vale até um artigo
indefinido
seguido
de singelas reticências:
aquelas latinhas atadas a barbantes
dos carros de nubentes
que não sabem “the end”
só anunciam
o porvir.

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