Tenho tanta saudade de mim...

quarta-feira, setembro 22, 2010

inexistir

Não acabe com minha poesia, não corra com o vermelho pulsante de minhas artérias já dilaceradas por teu amor pujante e assassino, não fuja de mim...
Se ando calado, é que sou vazio. Tombaram meu corpo no caminho e agora me batem a cara como um cadáver de olhos vis. Se me rompe o peito a angústia, é que não sou nada além de nós. Estou cansado. Cansado mesmo. Cansado de escrever, de pensar, de tentar trazer à tona o que me traz de incerto a existência. Não espero que eu volte a mim tão cedo. Não. É que, vagante espírito, sei que posso ser nunca e nada, apenas hiato, apenas distância e memória (ou esquecimento, se assim quiser). Sei que assim posso ser traços, palavras soltas, sussurros e onomatopéias. Assim posso alcançar o sublime inexistir. Assim posso ser só. E só. E pó.
Chega o vento.
- Ffffuuuuuuu!
E agora nada.

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