Homenagem aos amigos de mim distante.
No caminho
lembro o menino de mim:
do tempo de horas largas,
da inocência das palavras,
do perfume da pureza,
do azul das hortênsias,
de minha vó e seu jardim.
No tempo de mim pequeno
a pressa era senhora
tudo ligeiro, tudo agora!
Nada de pausa, nada de não
o bom era o demais, o exagerado
sem limites, sequer o chão.
Só que neste caminho
que sigo sem norte
sem tempo,
ou mesmo sorte
encontro o mais escuro
o mais secreto absurdo
uma real constatação:
neste mundo sem piedade
somente o amor, a amizade
o abraço de um irmão
conseguem afagar este peito
que há tempos escondera a saudade
daquele menino sem idade
hoje trajado de solidão.
Este caminho duro de pedras
levou o mais precioso de mim:
as horas já não são largas,
a pressa não é mais um fim.
Aprendi a saborear este mesmo tempo
que do futuro, antes certo,
hoje sei que é tão incerto
que não é longe
e que tudo perece enfim.
Apenas o amor permanece
Este sim dura, e cura
e traz consigo similar perfume de infância
qual aroma de jasmim.
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