Homenagem a meu pai e avô, poetas do sertão.
Pra quê tanto
sol?
Tanta luz,
tanta secura?
Tanto
desassossego, meu Deus!
tanta sepultura:
ossadas de bicho,
roça seca,
queimada
nada de milho, só
carrapicho,
e a terra
rachada!
Pra quê diacho tanta
novena?
Tanta reza,
tanta jura, oferenda?
Terços nos dedos
das comadres
correndo em contas
ligeiro
à luz dum
fogareiro
com o braseiro
vivo que arde
atiçado no
vento seco que grita
entre frestas, agita em alarde.
Pra quê tanta
macheza?
Tanta valentia,
siô,
tanta brabeza?
Tanto homem de
coragem
sem rumo ou
sorte,
só suor e
estiagem!
Perdidos no
deserto do mundo
na sede indomada
do chão
entre grotas
secas e fundas
do riacho só de
nome
e de água não.
Este é o meu Nordeste
(terra de sina triste)
que a voz dos
antigos persiste:
do forró, a sanfona
do cangaço, ponta de facão.
Eita sertão-sem-dono:
mesmo escondido e agreste
só um cabra-da-peste
aguenta, não esmorece,
nem se amofina
ou esquece
que tudo aquilo bate no coração!
Judiada,
sofrida e antiga,
esta Mãe-Terra - velha parida,
inda se
enfeita em vestido surrado de
chita,
revelando seu
céu fogo carmim.
Que em meus
versos singular beleza insiste,
e resiste,
e de jeito
algum ou maneira
se acaba e tem
fim.
Um comentário:
Poetico tal qual "Passamento". Gostei!
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