Na casa verde de canto
Mora uma mulher manca
Desfila torta na sala
Hostil, as portas espanca
Além de tudo é feia
Dum jeito que até o Diabo se espanta.
Na mesma casa de canto
Vive um senhor apessoado
Um santo, pobre coitado
Ama a manca, bicho acuado
Cobre-lhe de jóias, mimos, rendados
E decerto d'alma advém seu encantamento.
O casal peculiar, excêntrico
Descendo a rua em traçado zonzo
Ele tonto, ela com ranço
levando-a nos braços feito asno
traça sua história
que finda no tempo
E nem filhos fica de testamento
Senão a lição que o amor é cego
e se alia quiçá a um jumento.
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