Despi-me do tempo
Exorcizei o universo
Agora
Sob a grossa camada do silêncio
Seguro o átomo inicial da vida
E o burilo com os dedos
Dou-lhe formato humano
Deposito-o sobre o peito
Faço-o criança
Afago-lhe os cabelos
Sussurro estórias nunca ditas
E ele ri
Seus dentes,
Ah, seus dentes iluminam galáxias
brotam árvores deles
escorrem rios
explodem cachoeiras
O menino estrela
guia meu olhar pra longe
bem longe: o improvável distante
e lá, nas curvas do além-corpo,
encontro paz
e, por fim.
adormeço.