poesia
poeira
pois era
pó
será?
as buzinas ao meio dia
no sol quente da praça que desce a rua
até a esquina dos
infortúnios
os ônibus em fila indiana, inquietos,
balançam o bumba-meu-boi dos buracos da ilha
a cidade ao meio dia ferve
tremula o horizonte fumegante do asfalto
as vidas se arrastam
sentado, assisto
tanta vida perdida na pressa dos dias
o suor marca a corpulenta velha
imagino seus odores
nesta hora, nesta rua, nesta cidade ao meio dia
lembra uma tia gorda
de cujos abraços fugia
as pessoas e suas gorduras suam fedidas
igual cão
ou animal domesticado qualquer
e nem almocei ainda
aqui nesta janela
descortinando a agonia de tudo
o desespero do tempo
a inquietude do segundos que são passado
nem penso e já se foram
(que tempo cruel!)
as pedras ali do casarão insistem em desmentir
mas até elas o relógio intimou
pedra mole? tempo
duro?
picha moleque, marca com teu nome o muro
amanhã Fátima limpa
me acorda para ver
mas agora esse dia que não finda
esses ponteiros em riste
a praça descendo a rua
encontra outra praça, triste
de amores, só passado
de presente, daquele menino, o piche.
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