Homenagem
a meu pai que me abraça à vezes menino.
Por cima da
porteira velha
Se vê um
casarão, outrora majestoso,
Hoje tapera...
No terreiro
de chão batido e de pedra
Corria
menino com bola,
Jogava-se
pião e peteca.
Às sombras
da barba de bode
Que vence o
tempo valente
Jazem recordações
que em mim
Embaçam e
nublam a mente.
A fazenda
triste e sozinha,
Com a casa
de varanda farta
De beirais,
alpendre e cozinha
Erguida nos
idos de 45,
Ecoa o
silêncio de velhos
Que ali
cumpriam a sina
De contar estórias
da era
Que
vaqueirar era profissão de respeito
De homem
destemido e direito
Que é sério
e não fala balela
É reto e jamais erra o passo
São coisas
que nunca me esqueço
Como o véi Zé Pereira e seu cangaço.
Como o véi Zé Pereira e seu cangaço.
O tempo foi
em parte cruel
Levou meus
heróis de criança
Meu pai,
minha mãe, o Itamar
Que hoje me
dói na lembrança.
Às vezes os
busco de novo
Indefeso,
gritando socorro
Nos
resquícios de suas passagens
Neste mundo
que lhes foi pouco.
Aquela casa – tapera caída
Cujo passado a poeira invade
Guarda num canto escondido
As letras de um velho sem idade
Que assina Hiran Guará, meu filho
Dizendo: “Meu Deserto, que saudade”.
E marejam os
olhos sofridos
Deste homem
e também do menino.
Sabia que
até ali fora justo
No caminho
que vinha seguindo.
E cerra por
fim a porteira
Deixando a
velha fazenda
Leva, porém,
uma nesga do tempo
(sem virar o
rosto decerto)
Em que ali
fora oásis,
Hoje de fato
um deserto.
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